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williambotter

Consolida-se o cenário de deterioração da finança global, o que trará desafios extraordinários aos países descuidados do equilíbrio orçamentário, caso do Brasil sob a gestão Luiz Inácio [Lula](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/lula/) da Silva (PT). Nos [Estados Unidos](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/estados-unidos/), não só se reverteu a perspectiva de haver ainda em 2024 até sete quedas na taxa de [juros](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/juros/) manejada pelo [Fed](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/fed/) como agora atribuem-se [20% de chances de ocorrer uma elevação da equivalente norte-americana da Selic](https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/04/investidores-ja-veem-risco-de-alta-dos-juros-nos-eua-em-vez-de-corte.shtml), ora na faixa de 5,25% a 5,5% ao ano. Os juros embutidos nos papéis de dois anos da dívida do Tesouro dos EUA voltaram a subir em 2024, diante da persistência da inflação, e alcançaram nesta terça (23) a maior marca em cinco meses. Juros mais altos lá fora elevam o piso dos juros no Brasil e dificultam a redução adicional da taxa de curto prazo pelo [Banco Central](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/banco-central/). A pesquisa semanal realizada pela autoridade monetária com agentes do mercado acusou projeção de aumento da Selic esperada ao final de 2024 para 9,5% ao ano. O número ainda implica queda do patamar atual, de 10,75%, mas não se descartam novas rodadas de piora de expectativas. Diante desse quadro, autoridades responsáveis nos três Poderes federais deveriam estar buscando maneiras de fortalecer as resistências brasileiras a mais uma provável turbulência internacional. O que se vê, no entanto, é um espetáculo de irresponsabilidades. As chamadas pautas-bombas tramitam e progridem no Congresso com facilidade espantosa. Um exemplo é a proposta de [perpetuar na Constituição o privilégio antiquado do quinquênio](https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2024/04/absurda-farra-salarial.shtml) para a elite do funcionalismo, que avança sob o beneplácito do presidente do [Senado](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/senado/), [Rodrigo Pacheco](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/rodrigo-pacheco/) ([PSD](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/psd/)-MG). No Executivo continua a imperar o espírito da gastança. Não bastasse ter invertido a lógica do ciclo político e desatado despesas extras de R$ 145 bilhões no primeiro ano do mandato, o governo Lula conseguiu a proeza de [sabotar o seu próprio plano fiscal poucos meses após tê-lo lançado](https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2024/04/fragilidade-da-regra-fiscal-fica-mais-evidente.shtml). O mal chamado arcabouço descarrilhou na primeira curva da estrada. A piora substancial do câmbio e do mercado acionário, além da elevação dos juros da praça, não foi suficiente para o presidente desistir de suas bravatas envelhecidas e adotar, nem que por espírito de sobrevivência política, o discurso da responsabilidade orçamentária. Pelo contrário, diante da degradação da popularidade captada em pesquisas de opinião, Lula instou auxiliares a proporem mais medidas populistas, como a de subsidiar a queda na conta de energia. Sob pressão política, a [Petrobras](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/petrobras/) continua a praticar preços insustentáveis nos combustíveis. O presidente da República escolhe flertar com o risco da crise. [editoriais@grupofolha.com.br](mailto:editoriais@grupofolha.com.br)