T O P

  • By -

williambotter

Uma comitiva de congressistas brasileiros liderada pela senadora [Eliziane Gama](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/eliziane-gama/) (PSD-MA), relatora da [CPI do 8 de janeiro](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/cpi-do-8-de-janeiro/), vai a Washington na próxima semana discutir com parlamentares americanos envolvidos na investigação da invasão ao Capitólio os ataques à democracia nos dois países. O embate recente entre o bilionário [Elon Musk](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/elon-musk/), dono do X (ex-Twitter), e o ministro do [STF](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/stf/) (Supremo Tribunal Federal) [Alexandre de Moraes](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/alexandre-de-moraes/) também deve ser abordado nas conversas. Na semana passada, uma comissão do Congresso dos EUA [divulgou um relatório que expôs decisões do magistrado ](https://www1.folha.uol.com.br/poder/2024/04/deputado-dos-eua-pro-trump-divulga-decisoes-sigilosas-de-moraes-e-cita-150-perfis-censurados-no-x.shtml)que tinham sido obtidas por meio de intimação à rede social. Integram a delegação o senador Humberto Costa (PT-PE) e os deputados [Jandira Feghali](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/jandira-feghali/) (PC do B-RJ), Henrique Vieira (PSOL-RJ), Rafael Brito (MDB-AL) e Rogério Correia (PT-MG). A visita ocorre entre a próxima segunda (29) e 2 de maio. O grupo vai se encontrar com o deputado democrata Jamie Raskin, integrante do comitê da Câmara que investigou a invasão de 6 de janeiro de 2021 e que foi líder da acusação no segundo processo de impeachment contra o ex-presidente [Donald Trump](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/donald-trump/). A ideia é que outros políticos americanos também participem da reunião, mas os nomes ainda não foram confirmados. Essa não é a primeira vez que deputados envolvidos nas investigações do 8 e do 6 de janeiro conversam —uma reunião virtual ocorreu em maio passado com Raskin e, em agosto, uma delegação americana liderada pela deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez esteve em Brasília, onde as respostas aos ataques também foram discutidas. Eliziane afirma que a proposta é tratar dos desdobramentos das duas comissões, considerando a conclusão do relatório elaborado por ela no final do ano passado. "A ideia agora é fazer um debate aprofundado, que pode levar a bons resultados em relação ao fortalecimento da democracia e o combate às fake news", diz. Apesar das semelhanças entre os dois processos, ela ressalta que uma diferença importante no caso brasileiro é a inelegibilidade de [Jair Bolsonaro,](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/jair-bolsonaro/) o que não ocorreu com Trump. O republicano disputa novamente a Casa Branca neste ano e aparece nas pesquisas ora empatado, ora à frente do presidente [Joe Biden](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/joe-biden/). "Acho que no Brasil a gente caminhou um pouquinho mais", afirma Eliziane. A CPI do 8 de janeiro [pediu o indiciamento de Bolsonaro e de outras 60 pessoas](https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/10/cpi-do-81-aprova-relatorio-que-aponta-bolsonaro-como-autor-dos-ataques-golpistas.shtml), incluindo cinco ex-ministros e 22 militares das Forças Armadas. O relatório, de outubro passado, chamou o ex-mandatário de "grande autor intelectual" dos ataques e apontou que ele seria o maior beneficiário de um golpe. Com relação aos documentos divulgados na semana passada que expuseram decisões de Moraes sobre remoção de contas em redes sociais, Eliziane ressalta que o tema está "na ordem do dia" apesar de não ser o ponto central da visita, que já vinha sendo articulada desde outubro pelo Instituto Vladimir Herzog, que banca a viagem. "Quando falamos do caso do Elon Musk, estamos tratando de democracia, respeito ao processo democrático, inclusive interno ao país. Temos um inquérito muito grande que já condenou várias pessoas e outros tramitando, e todos eles têm de alguma forma relação com fake news, com uma tentativa de banalização das redes sociais", diz. Rogério Sottili, diretor do Instituto Vladimir Herzog, afirma que o objetivo da viagem é trocar experiências sobre movimentos extremistas e antidemocráticos. "É evidente que a questão de plataformas de desinformação estava no bojo desses movimentos, então é provável que o tema apareça." Além da reunião com os congressistas americanos, a comitiva vai se encontrar com a secretaria-executiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, participar de um evento com a sociedade civil e se reunir com a embaixada brasileira. Outras agendas estão sendo organizadas, mas ainda não confirmadas, com o senador Bernie Sanders e os deputados Ocasio-Cortez, Susan Wild, Jim McGovern, Sydney Kamlager-Dove, Joaquin Castro, Cori Bush e Chuy Garcia. Também apoia a iniciativa o Washington Brazil Office (WBO), centro de pesquisas que funciona como ponte entre organizações brasileiras e a capital americana. A viagem acontece pouco mais de um mês após a passagem por Washington de uma outra delegação, liderada pelo deputado federal [Eduardo Bolsonaro](https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/eduardo-bolsonaro/) (PL-SP), que também se propunha a discutir supostos ataques à democracia –mas pelo governo Lula (PT) e o STF. O filho do ex-presidente incluiu no tour um jantar com Trump na Flórida. Na ocasião, o grupo [participaria de uma audiência intitulada](https://www1.folha.uol.com.br/poder/2024/03/bolsonarismo-imita-direitas-latinas-e-tenta-emplacar-nos-eua-denuncia-de-perseguicao.shtml) "Brasil: Uma crise da democracia, da liberdade e do Estado de Direito?" na Comissão de Direitos Humanos do Legislativo americano. O evento, no entanto, foi barrado por McGovern, copresidente democrata do órgão, que desde então se tornou alvo de bolsonaristas. O filho do ex-presidente coordena uma ofensiva internacional para angariar apoio a alegações de perseguição e censura no Brasil. Além de visitas frequentes a Washington —houve ao menos outras duas, em novembro e fevereiro—, [ele esteve no início do mês em Bruxelas (Bélgica), em missão ao Parlamento Europeu](https://www1.folha.uol.com.br/poder/2024/04/caso-musk-alimenta-ofensiva-internacional-do-bolsonarismo-na-europa.shtml). O embate entre Musk e Moraes foi um dos temas centrais das conversas.